Sementes da Memória: um encontro entre arte, cultura e espiritualidade em Nova Venécia

A Prefeitura de Nova Venécia, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, realiza entre os dias 12 e 19 de novembro a exposição “Sementes da Memória: Ancestralidade e Saberes”, na Casa de Pedra. A mostra convida o público a uma imersão nas tradições, na espiritualidade e nos conhecimentos herdados dos povos africanos, valorizando as raízes da cultura afro-brasileira e sua contribuição para a formação do Brasil.

Organizada por Marlene Correia Jorge e Cirléia Oliveira, a exposição reúne elementos simbólicos, objetos do cotidiano, plantas medicinais, utensílios culinários e expressões artísticas* que ajudam a contar a história e a resistência de um povo que transformou cultura em identidade.

Durante toda a semana, o público pode participar de vivências culturais, como a extração do azeite de dendê e oficinas sobre plantas medicinais, com atividades voltadas para escolas e visitantes em geral. As visitas podem ser feitas das 8h às 18h, todos os dias.

“Estamos recebendo as escolas para participar das vivências e também abrindo o espaço para toda a comunidade. É uma oportunidade de conhecer mais sobre nossos saberes e nossas raízes”, destacou Marlene.

Entre os objetos expostos, estão utensílios tradicionais como gamelas, colheres de pau, pilões e soquetes — símbolos da culinária ancestral e da cultura popular, além de elementos sagrados das religiões de matriz africana, como o dendê, o urucum, as ervas medicinais e a espada de São Jorge.

O espaço também traz referências à capoeira, reconhecida como expressão de resistência e luta, e peças que guardam a memória de grandes mestres da cultura tradicional, como Dona Antônia Paneleira, considerada uma das paneleiras mais antigas do Espírito Santo. Uma de suas últimas obras, um pote de barro feito à mão, integra o acervo da exposição.

Outro destaque é a participação dos estudantes do município, que contribuíram com um varal de palavras de origem africana como angu, fubá, quitute e moleque, além de trabalhos sobre povos indígenas e africanos, reforçando a presença desses vocábulos e saberes na língua e na cultura brasileira.

Para as organizadoras, a exposição é também uma oportunidade de reconhecer a intelectualidade e o conhecimento científico ancestral. “Nossa população tem dança, alegria, comida e festa, mas também tem intelectualidade. O conhecimento científico é ancestral, vem do continente africano e se expressa em várias áreas, como a matemática e a medicina, desde os tempos do Egito Antigo”, ressaltou Marlene.

A exposição “Sementes da Memória: Ancestralidade e Saberes” faz parte do 1º Festival Gastronômico Kizomba, que celebra a cultura afro-indígena com arte, saberes e espiritualidade em Nova Venécia. A mostra segue aberta até o dia 19 de novembro, na Casa de Pedra, reafirmando o compromisso da Prefeitura de Nova Venécia com a valorização da cultura afro-brasileira e o fortalecimento da identidade e da memória ancestral.